sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Minimalismo virou moda?!?

Antes de mais confesso que embora me considere inerentemente minimalista, não sou própriamente erudita...
Não pesquisei para "saber" se era interessante, moderno ou "fixe" esta coisa do minimalismo, antes de decidir se queria fazê-lo.
A vocação é natural e a adopção da filosofia e estilo de vida foi inconsciente, autodidacta e progressiva.

Em muitos aspectos acho que cansei... :)
De tralha...
Das falsas (pre)ocupações da vida em sociedade XXI...
Da dependência, e em alguns casos da "escravidão", de depender de outros ou de coisas comerciais para tocar o dia-a-dia...
Da sensação de estar a desperdiçar o que de mais precioso existe... o tempo!
E sobretudo de uma existência baseada no "o que é que vem a seguir", numa correria sem fim à vista, que sejamos honestos, terá de acabar e provavelmente mal, algum dia.

Pessoalmente encaro o minimalismo como uma ferramenta e um caminho para uma vida simples, significativa, equilibrada e feliz. No fundo uma existência verdadeira e livre.
Não me entendam mal... sou completamente a favor do conforto e do luxo! O ascetismo não é meu amigo e tão pouco vejo a beleza em cada saco de plástico que esvoaça ao vento como o miúdo no filme "Beleza Americana". Mas provavelmente o meu conceito de conforto, luxo, diversão e belo é diferente da maioria.

Em tempos pensei que a resposta à pressa e pressão louca da vida moderna estava no downshifting e fico deliciada por ter descoberto recentemente um movimento português em www.slowmovementportugal.com Os meus parabéns a estes pioneiros!
Mais do que ser downshifter há muito tempo que tento viver uma vida voluntariamente simples.
Uma vida responsável, sustentável, frugal, autosuficiente e de descoberta que respeita o ambiente, as pessoas, a carteira, e a saúde e já agora estou a falar de saúde mesmo, física, mental e espiritual :)
Descartar do nosso quotidiano aquilo que é excesso não é dificil mas acredito que é um acto de coragem, de fé em nós mesmos e na nossa capacidade de sermos felizes sem ajuda de enfeites e brilhozinhos.

A primeira conquista a caminho de uma vida minimalista é diminuir a necessidade e o impacto das coisas na nossa vida e nomeadamente na nossa casa. Também se pode argumentar que livrarmo-nos de tralha e excesso é o resultado mais visível de um pensamento minimalista e não o contrário.
Quando inicialmente "montei casa" muitas pessoas ficavam admiradas com o espaço livre e luz em todas as assoalhadas.
A razão era simples...só comprava o estritamente necessário para viver confortavelmente e se encontrava exactamente o que queria.
Claro tudo em neutros, linhas diretas, bibelot zero, janelas constantemente abertas para facilitar a limpeza. A baixa tolerância para tralha e saldos bancários precários foi sempre uma das minhas qualidades preferidas :)
Uma década depois e apesar de haver mais ocupantes nas ditas assoalhadas, continuamos gloriosamente com pouca coisa a empatar-nos o caminho e estou constantemente à procura de novas formas de desocupar espaço, de diminuir consumos, de mais e mais Faça Você Mesmo, de aproveitar o momento e a vida!

Lentamente, progressivamente, livrarmo-nos do desnecessário, do artifício, estende-se a todas as áreas da nossa vivência e tornamo-nos mais leves, mais livres.
Costumo dizer que só terei esta vida para viver.
Tudo o que já vivi formou-me mas também representa tempo que nunca recuperarei.
Não tenciono desperdiçar ou insultar o tempo que resta da minha passagem no planeta, ou a dos outros, com coisas, preocupações e ocupações que desrespeitam ou entristecem.

Hoje vejo muitos minimalistas, porventura nascidos da crise em que estamos mergulhados, que levou à reavaliação de valores, mas muitas vezes questiono se não será moda ou simplesmente a falta de recursos para deixar de ser minimalista(HEHEHE) que os impulsiona.

Seja como for o minimalismo não é o exponente de nada, a não ser para quem acredita nele e não somos inertes; decidimos, falhamos, mudamos e ainda bem.

Para quem estiver mais interesse no tema um lugar óptimo para começar é com Leo Babatua em http://zenhabits.net/ e http://mnmlist.com/ . Na era digital este senhor é indispensável ao impulso do minimalismo.
outros sites importantes: www.becomingminimalist.com
  www.theminimalistmom.com
Na literatura, um dos meus favoritos, muito, muito, muito antes de saber que é considerado um minimalista no mundo literário - Ernest Hemingway.  Quase tudo é óptimo mas O Velho e o Mar convencerá os mais incrédulos Por quem os sinos dobram, As Verdes Colinas de África e A Moveable Feast
Filosofia - Cícero, Epictetus e Marco Aurélio

Na música excepcional Bon Iver e Phillip Glass e se quisermos ser radicais, U2 em algumas músicas (LOL)

Artes plásticas - Dan Flavin

Para um post sobre minimalismo este já está bem comprido!
Até já :) Minimizem.

"O bastante é abundância para os sábios" - Euripedes